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COLUNA DA MAISA DE FREITAS: Carta a quem quer ser professor

Texto 16

Não me recordo exatamente quando percebi que sentia vontade de ser professora, mas tenho a certeza de que minha escolha não foi dada por eu ter um dom ou uma vocação. Levou tempo para que minha decisão se consolidasse e eu tivesse a certeza do que queria. O principal fator que me “guiou” nessa escolha foi porque via o sentido da profissão e queria compartilhá-lo, sobretudo com aqueles que também desejassem ser professores.

Sei que a carreira docente é repleta de desafios, mas também reconheço que é preciso enxergar sentido no que fazemos e isso leva algum tempo. Optei pela Geografia na graduação, ainda insegura do que esse curso poderia me oferecer, mas, após inúmeras experiências na universidade, em estágios, aulas e eventos acadêmicos, constatei que o que eu queria mesmo era ser professora.

Percebi, com o tempo, que optar pelo que gostamos de fazer não significa unicamente viver momentos prazerosos, mas estar dispostos o suficiente para superar barreiras e seguir em frente. Grandes realizações não são separadas de grandes esforços. Segui adiante, como professora, porque valorizo minha prática e isso faz toda diferença em minha rotina. E fui entendendo, nesse caminho, que eu precisava dar mesmo importância a mim e a tudo o que ensinava.

Optar pela carreira docente não nos trará uma “vida de luxos”, mas poderá trazer a indescritível sensação de sermos referência para nossos estudantes. Ensinar e aprender com eles é um desafio diário e requer estudo, criatividade, resistência, autoridade e certa sensibilidade para lidar com alguns dos dramas cotidianos dos nossos alunos.

Ser professor significa que vamos falhar várias vezes, mas que também teremos inúmeras possibilidades de nos reinventarmos. E sentir a sensação de “abrir janelas para o mundo” e ser um intermediário do conhecimento é simplesmente maravilhoso. Vivemos de notas, diários, provas, mas também de afetos e de histórias diversas.

Para viver a intensidade da carreira docente, sem se deixar levar por uma rotina mecânica todos os dias, é preciso ver sentido no que fazemos, ver que nossas ações irão reverberar em conhecimento e que contribuiremos para formar cidadãos. Devemos ter a noção dessa responsabilidade!

Por isso, desejo, aos que queiram se tornar professores, que tenham a capacidade de se reinventar sempre, que estudem e que conheçam a história da Educação de nosso país para que possam se tornar sujeitos transformadores das vidas de seus alunos e para que reconheçam o trabalho docente com grande admiração.

(Eu sou a Maisa de Freitas, colunista da rede Professores transformadores. Sou professora de Geografia e mestra em Educação. Atuo na rede pública de ensino e acredito que pequenas ações realizadas em parceria possuem um grande poder transformador.)