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COLUNA DO LUIZ BASILIO: O primeiro dia na sala de aula

Colunista convidado do projeto Professores em transFORMAÇÃO

Minha primeira experiência como professor em uma sala de aula foi angustiante. Essa experiência se deu a partir do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), cujo objetivo é propiciar, aos graduandos na modalidade de licenciatura de universidades públicas brasileiras, a vivência nas salas de aula das redes públicas municipais e estaduais de ensino.

 

Desde sempre ouvimos que o trabalho dos professores, nas salas de aula, é o que há de mais desafiador e mais difícil de lidar no contexto das profissões. Nesse sentido, o receio do meu primeiro dia como professor em uma sala de aula gerou, em mim, uma ansiedade que não havia experimentado antes.

 

Acompanhado da angústia, vieram vários medos: de não conseguir realizar a atividade proposta, de não conseguir atrair a atenção das alunas e dos alunos a partir do que eu havia proposto, de não ser capaz de mediar algum possível conflito... Além deles, o maior de todos os medos que senti foi de não conseguir ser o professor que eu sempre quis ter e, também, de não conseguir ser tão bom quanto os que já tive.

 

Os receios foram inúmeros e os desafios ainda maiores. Senti, desde o receio da aceitação da turma, das professoras e dos professores, da direção e coordenação pedagógica da escola onde atuei, aos desafios de propor atividades interessantes e atrativas que pudessem ser com os recursos que a escola podia oferecer. Nessa minha recente trajetória como professor, fui capaz de superar parte desses medos, mas alguns receios ainda permaneceram e sei que ainda virão outros desafios, afinal, a profissão docente trabalha com a inclusão e com a diversidade, ainda que isso seja frequentemente negado – há quem assuma uma perspectiva pautada do discurso majoritário do senso comum, que reproduz a ideia de que a escola é igual e deve tratar todos da mesma forma, mas, de minha parte, tenho trabalhando com duas noções, a de que as pessoas não são iguais e, por isso, em diversos aspectos, deverão ser incluídas, e a da diversidade existente no ambiente escolar, que jamais deverá ser silenciada.

 

Depois da minha primeira semana atuando como pibidiano em sala de aula, decidi guardar um tempo pra mim e pra minhas reflexões. Eu preciso mesmo sentir medo? Preciso mesmo sentir angústia ou algum receio? Conclui que não, embora isso seja algo que não esteja totalmente sob meu controle. Refleti que o contexto da sala de aula é assim mesmo, desafiador, afinal estamos lidando com vários sujeitos distintos, em uma diversidade inimaginável. Refleti também que não preciso ter respostas ou saber lidar com tudo. Entendi que estou em formação e que esse processo é contínuo.

 

Desde o Ensino Médio, tenho acreditado, cada vez mais, que transformar a educação é possível, pois ela é um terreno fértil que proporciona muitas possibilidades. No meu primeiro dia em sala de aula, observei estudantes que, assim como eu, querem uma transformação na educação, mesmo que, conscientemente, ainda não saibam que isso seja possível e, talvez, que não conheçam possibilidades e oportunidades para isso. Eu vi pessoas que precisavam de uma educação transformadora e, nesse momento, reafirmei meu compromisso de avançar cada vez mais para ser um professor transformador.

 

Decidi que não preciso ser o melhor professor, mas que darei o melhor de mim, porque a busca de ser um professor transformador e de uma educação transformadora é constante e não existe uma linha de chegada.

 

(Eu sou o Luiz Basilio, graduando em Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto. Moro em Mariana-MG e sou bolsista do PIBID Afro e Indígena. Como professor em fase de iniciação da docência, considero importante que possamos construir caminhos para, cada vez mais, conquistarmos espaços em que se desenvolva uma educação transformadora).