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COLUNA DO MÁRCIO CARVALHO: Educação popular

Texto 14

Quando ouvi, pela primeira vez, sobre Educação Popular, já estava estudando Licenciatura em História na Universidade Federal de Viçosa e, de certa forma, naquela oficina, denominada “O que é Educação Popular”, enxerguei exatamente o que penso e faço no campo educacional. Sim, sou um educador popular. Em meu campo de atuação, a sala de aula, e mesmo em espaços como oficinas e nos trabalhos de campo, estou imbuído do princípio da Educação Popular.

A Educação Popular tem como base estimular, nos envolvidos, um espírito de cidadania e participação social, ao promover, de forma dialógica e participativa, a formação crítica dos estudantes em relação ao mundo em que vivem, e ao respeitar o conhecimento que eles trazem de seu cotidiano para o âmbito escolar. É uma educação humanizadora, em que o professor é o norteador do processo educacional, e não o detentor de todo o saber.

Para Freire (1987), quanto mais se problematizam os estudantes como seres do mundo e com o mundo, mais eles se sentirão desafiados. E, desafiados, se verão motivados a responder ao desafio. Desafiados, compreendem o desafio na própria ação de captá-lo. Sendo assim, os estudantes não conseguem perceber sentido do que aprendem na realidade em que vivem, por isso, consideram o ensino escolar como chato e cansativo.

Assim, o professor deve ensinar e não transferir conhecimento, ao indicar diferentes caminhos para que o estudante construa a sua autonomia. Tanto professores quanto estudantes têm de estar em constante aprimoramento, pois a Educação Popular não é um método padronizado. Ela é um processo construído internamente nas comunidades, nos grupos e nas organizações populares. E ela busca formas de consolidação, ampliação e propagação dos direitos na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

Eu, como professor transformador e um educador popular nato, tento, em todas as minhas aulas, trazer o cotidiano dos alunos para a sala de aula, e experimento a sensação de sempre explorar exemplos e vivências desses alunos para ampliar e nortear o debate dos textos estudados nos livros em sala de aula.

(Eu sou o Márcio Carvalho, professor transformador, formado em História pela Universidade Federal de Viçosa. Leciono as disciplinas de História, Sociologia e Atualidades, e coordeno um projeto de estudos e práticas pedagógicas interdisciplinares, o GEPISA, Grupo de Estudos e Práticas Interdisciplinares em Sala de Aula.)

Referência

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 40 p.