Quando ouvi, pela primeira vez, sobre Educação Popular, já estava estudando Licenciatura em História na Universidade Federal de Viçosa e, de certa forma, naquela oficina, denominada “O que é Educação Popular”, enxerguei exatamente o que penso e faço no campo educacional. Sim, sou um educador popular. Em meu campo de atuação, a sala de aula, e mesmo em espaços como oficinas e nos trabalhos de campo, estou imbuído do princípio da Educação Popular.
A Educação Popular tem como base estimular, nos envolvidos, um espírito de cidadania e participação social, ao promover, de forma dialógica e participativa, a formação crítica dos estudantes em relação ao mundo em que vivem, e ao respeitar o conhecimento que eles trazem de seu cotidiano para o âmbito escolar. É uma educação humanizadora, em que o professor é o norteador do processo educacional, e não o detentor de todo o saber.
Para Freire (1987), quanto mais se problematizam os estudantes como seres do mundo e com o mundo, mais eles se sentirão desafiados. E, desafiados, se verão motivados a responder ao desafio. Desafiados, compreendem o desafio na própria ação de captá-lo. Sendo assim, os estudantes não conseguem perceber sentido do que aprendem na realidade em que vivem, por isso, consideram o ensino escolar como chato e cansativo.
Assim, o professor deve ensinar e não transferir conhecimento, ao indicar diferentes caminhos para que o estudante construa a sua autonomia. Tanto professores quanto estudantes têm de estar em constante aprimoramento, pois a Educação Popular não é um método padronizado. Ela é um processo construído internamente nas comunidades, nos grupos e nas organizações populares. E ela busca formas de consolidação, ampliação e propagação dos direitos na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Eu, como professor transformador e um educador popular nato, tento, em todas as minhas aulas, trazer o cotidiano dos alunos para a sala de aula, e experimento a sensação de sempre explorar exemplos e vivências desses alunos para ampliar e nortear o debate dos textos estudados nos livros em sala de aula.
(Eu sou o Márcio Carvalho, professor transformador, formado em História pela Universidade Federal de Viçosa. Leciono as disciplinas de História, Sociologia e Atualidades, e coordeno um projeto de estudos e práticas pedagógicas interdisciplinares, o GEPISA, Grupo de Estudos e Práticas Interdisciplinares em Sala de Aula.)
Referência
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 40 p.