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COLUNA DO MAGNO ANDRADE: Formei! E agora?

Texto 1

Lido, diariamente, com alunos que estão se preparando para realizar um vestibular e ingressar no tão sonhado curso superior. Para eles, essa é a fase mais angustiante de suas vidas. Pressão dos pais, 18 anos, independência, aparência, crush. Tudo isso, e muito mais, faz com que suas ansiedades e preocupações cresçam.

Já na faculdade, outras questões pairam sobre os estudantes: provas, trabalhos, sustento, reprovações, lanche versus xerox, e por aí vai.

Mesmo com os diversos dilemas que a academia nos traz, estar na graduação nos dá um certo conforto. É como morar com a mãe. Nossos questionamentos, dúvidas, angústias e incertezas são respondidas e resolvidas. Temos ali o amparo de professores, e atuando nos campos de estágios, de orientadores e coordenadores que nos ajudam quando alguma dificuldade surge. Podemos contar, ainda, com um estágio, que ajuda nas finanças, e alguns têm o apoio familiar para se manter.

Contudo, quando chega o demorado, sonhado e grande dia da colação de grau e que nos desligamos da instituição que fez parte das nossas vidas por anos, percebemos que ainda muitos problemas estão por vir. É como se a mamãe águia nos lançasse do alto ninho e começássemos a cair descompensadamente. Nossa sobrevivência, agora, só depende de nós mesmos.

Ao sair da graduação, percebemos que vamos percorrer nossos caminhos de forma autônoma. Muitos, nessa etapa, estão desempregados e talvez não tenham experiências suficientes para preencher uma vaga (já que dedicaram a maior parte dos últimos anos à formação superior). O desemprego, imagino, é um dos piores temores de quem acabou de formar, afinal, estamos com o diploma “debaixo do braço” e com força total para colocar em prática tudo o que aprendemos no curso. Mesmo assim, muitos recém-formados permanecem desempregados e acabam procurando empregos fora de suas áreas de formação.

Além do desemprego, outro problema enfrentado pelo novo licenciado é a falta de prática e o pouco domínio na resolução de conflitos dentro das escolas. Temos, no Brasil, muitos cursos de licenciatura, entretanto, a qualidade de alguns pode ser questionada, assim como a preparação que eles dão aos alunos para lidarem com questões práticas do dia a dia docente, já que nem sempre as horas de estágio obrigatório conseguem nos preparar nesse quesito. Dessa forma, muitos novos professores sentem dificuldades em realizar um bom trabalho na sala de aula.

Vários podem ser os medos e as inseguranças que rondam aqueles que saíram recentemente da graduação. A sensação de desamparo e solidão é comum, e a vontade de crescer e de aprender rápido é contumaz. A frustração de não entender (nem com o auxílio das literaturas) o porquê de determinado aluno não conseguir ter uma construção do conhecimento efetiva pode nos afetar muito. A revolta por não conseguir uma boa colocação no mercado ou pela desvalorização deste pode ser constante. E tantos outros sentimentos que circundam a vida dos novos docentes...

Contudo, nesta hora, recordar o que nos levou a escolher a Educação e saber que, com calma, nossas fragilidades e dificuldades se tornarão em força e aprendizado é de suma importância para nos manter firmes. A estabilidade pode ser um menino pirracento que resiste em nos acompanhar, mas um dia cederá. E este período é só parte do nosso processo de busca por uma vida melhor.

(Eu sou o Magno Andrade, um jovem professor transformador e fora dos padrões, que acredita que uma educação pública, democrática e de qualidade é direito de todos e fonte para uma mudança social.)